domingo, 26 de dezembro de 2010

das coisas coraça'mente

às vezes, parece que o cor-
ação certo, a'parece
e passa e fica cá dentro
por um instante
a todo instante
de endoidecer a di(e)reção
do te-
são

em outras vezes, parece
que nun-
ca vai aparecer
nunca
cá com os cincos membros
vazios

fica-se
com a es-
perança
de nunca esperar
o que um dia talvez
seja real e e-terno
até o não-mais
sentir tesão

o boom do bom

cuspa o tísico
catarro
o planeta
do pulmão
e busque a impactante
psicoativa solução
o bom senso
a nova lei
tecno-científica lei
o boom
do bom
senso!

tarados em um um um

quando duas taras se concatenam
temos um, um, um
em dois ardentes libidos
duas caras, um
um almejo gotejam
saciar a'bunda'ntes e quentes orgasmos
cul'minam cul'minantes

de quatro mais um, pinto cinco, mais quatro
nove membros explorando
extasiando cartografias humanas
os nove em performances sacanas
nove em um um um...

quando desejos se entrelaçam
ardente e instintiva'mente
só se extasiam
quando extasiam
os corpos e mentes
que configuram as duas taras
em um um um
múltiplos orgasmos!!!

beleza natural depois das não sei lá quantas cervejas

é só prestar atenção que vemos
os moldes da loco'moção
e os artifícios da pulsação

arma-se descalço o íntimo,
que intima o pulso
a não pisar em falso

da beleza plena ainda
sei os traços e os traços
de como tê-la só pra mim

somos multis
como prismas
luzindo tudo ao redor

multis multi-
plicando a certeza
de que vamos nos esbarrar

tentação que sempre passa
que não passa, sempre!
que passa e fica o tesão...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

muitos reféns do medo da desgraça de poucos

sujas ou limpas
em mãos
emanam
o mundo, a t'erra

mas reféns da ambição
continuam
a mente e a emoção

da vileza dos olhos
e da impureza do orgão
da tara do sexo banal
muitos reféns

reféns das instituições
dos inescrúpulos
que devoram todo e qualquer
vestígio de vontade do surgir
do felicitável a todos
que a felicidade de todos
será a desgraça de poucos!

do obtuso lado mau
da globalização
globaliza-
cão!
cães bípedes

haja vacina
anti-hipócritas!!!

(the bad side) in front of

ao pé da letra
sem pé nem cabeça
na lousa com enxaqueca
a coisa ficando preta

carangueijos andam pro lado
curupiras tem os pés pra trás
mas andam pra frente
e ultimamente, os macacos
andam mais retos e racionais que a gente
papagaios falam mas são gente
são bem mais inocentes

nós não, nós somos diferentes
inteligentes, usamos a mente

e a mentira!
só os homens andam pra trás
perdendo a voz e a vez
ao som lisérgico e voraz
da excludente lógica do ideo-dominante
da chiqueireza do não-pequeno
nao-freguês

da abundância para poucos
para o sem preocupação com o lado mal
da logia da técnica
sem cor nem ação,... coração!!!

eta mundo,iii...mundo
superavançado!
avançando supersonica'mente para seu pré-juízo
final...

sábado, 18 de dezembro de 2010

rabiscos convulsos

sou tão vago
e ao m'esmo tão intenso
ao longe que me trago
ao meu lado errado
tão antes, amado como um bêbado
não sei gostar, sei
mas não devia poder
sou fraco, cancerígeno
impotente e ciorânico

consolo-vos, mas me confundo-me
me afundo-te e
aprofundo-nos nas galáxias
eu adoro você, todos
mas amanhã podem estar só
um dia eu vou cessar até a morte, morrer
porque sou muito forte!

perturbo-me e as controvérsias
acabam avessando-me
a rabiscar sobre enzimas inertes
e coisas que desconheço

te amo todos
mas não sei o que amor
tenho uma tonelada de coisas pra desaprender
muito a converter-me
que somos elos de uma mesma
corrente

e podia olhar em meus olhos
mas prefiro os outros
os meus também são belos
também remelo
e também não tão falsos
o sofrimento adora devorar-me raivas e ódios!

uma metáfora/antítese expressiva
de apenas uma face, apenas
sincera'mente...
...
sempre sopra-nos a sensação de que a verdade
não passa da ilusão que mais convencionou-se
a ser aceita, a seita, o seio, da ceia,...

ouvindo aquela música, ela faz pirar

não se esconda atrás de suas roupas íntimas
mostre-me seus dotes e costumes
não desligue, aumente o volume
chegue perto
deixe eu me embriagar no seu perfume

cante no chuveiro, no quarto, na sala
no lar inteiro
na escola ou na rua
cante e grite! a vida é sua

dance em frente ao espelho
vestindo aquela saia
um pouco acima do joelho
me deixe louco, mas não me deixe só
ouvindo aquela música que toca
os teus hormônios
irrita teus pais
e alimenta a ferocidade dos teus sonhos

ouvindo aquela música
você busca entender coisas
que eu não pouparia neurônios pra ti explicar
que você me pira e inspira
só não entendo porque entendo
e não estou tendo aquela que fico a desejar
tarada'mente...

minha sombra envelhece
o céu está azul claro
e ambiente calmo
mas tem coisas que tem vezes
que parece que a gente não merece

cante e grite!!
alguém chamou, não ouviste
mas você não teve culpa se não ouviste
tua mente chamou você primeiro
então, cante e dance aquela música
que faz você desafiar o mundo inteiro
...sorrindo ou chorando...
continuam chamando, mas tua mente
sempre chama você primeiro

devem ser raros os que nunca piraram
quando adolescentes!

abrindo portas-memórias

um dia achei-me total'mente perdido
cheio de vazios
fora de mim em meio a tudo
só, inteira'mente só, sem razão
sem loucura
não me via mas sentia
sentia-me o cume de uma montanha invertida
estava numa biblioteca
livros liam-me e eu não sabia

jornais, revistas, manuais, catálogos, bulas, embalagens, etiquetas,...
qualquer coisa lia-me e eu não lia coisa alguma
as ruas liam-me
faixas liam-me
fachadas liam-me
as estradas liam-me em suas placas
o mundo lia-me e eu não lia p. nenhuma, nada!

agora!? agora leio tudo
e estou aprendendo um pouco de alguma coisa desse tudo
outro dia perdi-me, embrenhando-me louca razão acima
achando instantes lotados de livros, verdadeiras obras-primas
não! eles me acharam
na verdade, achamo-nos
os li e muito aprendi
estava numa biblioteca
ou melhor, uma biblioteca
estava em mim

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

não é fácil sair do entre aspas

Quando aprendi a “ler”, “lia” na escola, em casa, na rua... “Lia” tudo que estava escrito diante dos meus olhos. Nas placas, nos outdoors, nas fachadas, nos rótulos, nas bulas, nos manuais de instruções,... Tudo quanto era escrito, eu “lia...”
Quando aprendi a “ler”, não desconfiava do que estava escrito nos livros didáticos, nos de auto-ajuda, nos jornais e nas revistas. Acreditava... acreditava que os escritos serviam apenas à verdade. E que quanto mais lesse, mais sábio seria. E quanto mais lia, mais sentia um imenso orgulho; um orgulho imensamente besta, que dava vontade de sair gritando “Eu sei ler! Eu sei ler! Eu sei ler! Podem perguntar o que está escrito que eu sei ler!!!!” Tinha apenas seis anos, e não mudei muito até os dezesseis. Pois não é fácil sair do entre aspas.
Aos dezesseis, foi quando comecei a inconformar-me, percebendo que muito do que tinha lido até então, ou estava recheado de mentiras, ou omitia importantes verdades. Foi quando comecei a entrar em contato com obras outrora censuradas. Obras de literatura, filosofia, sociologia, psicologia e outras áreas do conhecimento humano passaram a compor o acervo de meu intelecto. As idéias geniais de loucos como Machado, Drummond, Gork, Brech, Gullar, Buarque, Freire, Freud, Marx, Lênin, Gramsci, Politzer, Niestzche, Sartre e muitos outros, que me ensinam a realmente LER. A ler o mundo além dos escritos e das aparências.
Mas, é sabido que não se lê apenas escritos, que a leitura é uma atividade intrínseca à vida humana. Então alguém, um leitor de livros, pergunta: - qual a importância dos escritos, dos livros e das bibliotecas, se o tempo todo estou lendo as coisas do mundo?...
Resposta: só os livros, diga-se de passagem, os bons livros são capazes de fazerem o mundo caber na palma da mão. Porém, para sabermos quais são os bons só mesmo com muitas leituras... e releituras... saberemos.
É só para isto que servem os livros, livrarias e bibliotecas. Em si, não servem para nada! Mas carregam, em si, o alimento necessário pra matar a fome de consciência do leitor enquanto homem de ação para transformar radicalmente a dura realidade do mundo.

um momento único

o que mais importa pensar
sobre o fazer aniversário
é a certeza de que, até podemos re'nascer
re'nascer infinitas vezes, mas nascer
nascer nos é um momento único
e não há morte nenhuma que apague
isso da memória do existir-no-mundo
que um dia nascemos
nada apagará...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

enquanto a chuva cai

a chuva cai lá fora
enquanto cá dentro gotejam versos
e escorrem entre os dedos
pela ponta do lápis
segredos em verdades socializadas
socializantes, em ápices
pensamentos escorrem como
corre o sangue quente dos batalhadores
como quando punhetamos nossos amores
assim apunhalamos nossas dores
bebemos, fumamos, enquanto a vida
nos bebe, nos fuma, nos embriaga
nossas feridas, feito flores

confraternizamos nossos ideais
com 51 sabores, seja bem-vinda

trecho de uma carta

“...,
se um navio de heminópteros gigantescos
nefilibatasse em frente a janela avessa
voando a procura de espaços grutescos
seria no mínimo estranho

duas atitudes escoltam-...
uma é quem sabe minha maior virtude
que é reconhecer a outra,
esta é quem sabe meu maior defeito
usufrutuar o ar da liberdade com responsabilidade
com responsabilidade!?
é mais fácil versejar gelo com deserto
...”

ceia do zé ninguém

a lembrança mais marcante

não é a das luzes de natal
piscando ao longo daquele avião
de pedra, suor e dor
um filho lindo fisicamente
mas cancerígeno desde o parto
à cesariana na história do Brasil

a lembrança mais marcante

não é a da poesia oscariana
com poemas de concretos que desafiam a lei da gravidade
que parecem óvnis aterrizados
sutilmente
por extraterrestres covardes ou videntes
e não, rabiscados pelo modesto Oscar
e declamados pelos candangos
como realmente foram
declamados por mãos de homens famintos pelo desejo de que
o hoje deles preenchessem-lhes o amanhã
ao menos, no prato de seus filhos
o hoje daqueles pais, antigo amanhã,
mal cobrem o fundo do prato já raso destes filhos
mesmo antes de saberem escrever seca
no casco do inóspito, ser tão inóspito, sertão
sentem-na definhando-os da superfície às entranhas
que já sabiam que tinha que lutar desde então
pela sobrevivência do hoje de amanhã

a lembrança mais marcante

não é a da sedutora dinamicidade da vida
num grande centro urbano
com seu vasto cardápio diário de alimentos di'versos
uns para o bolso, muitos para o corpo e alguns para a mente
mas sem diploma ou dinheiro?!... Aí a coisa fica preta
e se correr, talvez o bicho não pegue
mas se pegar, devora
esta lembrança que navalha a cara da condição humana
do homem sem condição
de eliminar seu ódio e/ou sua tristeza
sua inveja e/ou sua inércia
seu vazio, o vazio do orgulho de ser da raça humana
e essa piada sem graça que se ganha mal dá para comprar
o incenso, que traquéia abaixo empurra-se o seu perfume tóxico,
estrangula o que ainda resta do resto
e para comprar a anestesia
que goela abaixo indoma endiabradamente a coordenação motora
ébriodelirante foge-se para a realidade imaginada
dessa cópia construída e sustentada pelos ilusionistas de plantão

a lembrança mais marcante de Brasília
é a do frio!

o frio terrivelmente frio
que badalou-me ao grau zero
ao badalar da hora zero
daquele natal zero
zerado!!!
meu primeiro dia na “nossa” capital federal
dia de ceia, de confraternização, dia de natal
já não bastassem o enfastio, da fome e da sede
ainda este frio
de matar escrotos congelados em seus sacos
sem ducha quente, sem lençóis, sem cama nem rede
sem telefone, sem serviço de quarto, sem quarto
também pudera, embaixo dum viaduto, ninguém dispõe de futilidades
Futilidades lá?!! Lá ninguém nem quer saber o que quer dizer essa p... de futilidade
- se é de comer,manda pra cá
que aqui tem fome de sobra, até estraga, todo dia
tamanha a fartura que é aqui, e nos outros submundos do mundo inteiro
aqui, lotando esta imensa geladeiravião de portas esquecidas abertas
já não bastassem vazias, ainda ficando roxas
a palma das mãos e a boca
lágrimas de sangue a gotejar do nariz
o ar alfinetando os alvéolos
e o vento caus'ticando aos ossos

a ponto de congelar, fingi estar sonhando
imaginei que o avião era o universo
os conjuntos de luzes natalinas eram constelações
o avião estava salpicado de estrelas
numa caverna escura estava o avião
coberto de vagalumes
o universo: um imenso buraco negro manchado de fagulhas
e eu? eu era a distância, a distância entre o avião e a fagulha mais longínqua
Até que... o inesperado... as constelações eram dinamites , que logo explodiram
explodindo todo o avião e tudo virou
um imenso lago de fogo, as chamas de um inferno
e as poltronas oscarianas tornaram-se palácios de muitos
de muitos demônios e raros homens com algum caráter

e foi assim, fingindo pra mim mesmo que não estava fria'mente louco
fingindo uma loucura real
que consegui que presentear a minha morte
com um natal menos doloroso.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

configurações desse sol

gostaria que o mundo fosse menos desumano
e mais natural
que fosse mais in'sano
mas menos desigual
existe o plano, e existe a realidade
mórbida ou perfumada pelo ideal
gostaria de falar mais disso
mas tenho que falar do grande mundo
"eu e você'e 'nós" o nosso mundo

grandioso
tão grande
quanto um grão de areia
lutando por seu espaço
na praia

gostaria que quando me visse
não a sentissem os pés no chão
mas que você se sentisse um morcego
vampiro ou não
que a terra fosse teto do céu!!!

desejamos ver o espírito da vontade
homens tocando harpa
águias e serpentes
tubarões e leões juntos
todos na mesma arca arcana
a celebrar comoventes a união

qunado eu te tocasse
você não sentisse arrepios que calem ao frio
mas que sentisse ao braços o coração
que a sombra não seguisse o humano
no racional ou na ferosfera
(o mundo pode ser calvo
caduco e tão jovem)
o nosso mundo é só nosso
cuidemos dele com afinco
pra que fiquemos a salvo
de qualquer armação, de destroços
somos um mundo limpo (que tentamos ser)
de migalhas saudáveis, e ventos de remorsos
uma planta hospedeira de valores essenciais
o nosso mundo
um edifício com flores de cristais
e janelas de videira
gostaria de poder dormir tranquilo
de, ao menos, dormir a noite inteira
usando ataduras como lençóis
sabendo que o nosso mundo está apaixonado
por nós

os sóis nunca nos deixaram a sós
mesmo na solidão temos um mundo
dentro de nós
com borboletas e joaninhas douroprateadas

vamos, me dê a mão
temos de nos rebobinar
pra terra não nos desertar e deserdar
os malefícios beneficentes
já que o sofrimento da realidade
parece nos fazer muito mais falta
do que a gravidade (e o firmamento)

mesmo que às vezes tenhamos que um fósforo
riscar e aceso arriscar viver
nomeado pelo amor
o nosso mundo não é nosso
o nosso mundo é só nosso
uma dádiva tecida com esforços

por mais que o mundo seja influente
o nosso só é da gente, e de mais ninguém
o nosso amor, a nossa lâmpada fluorescente
e as configurações de estar tã'bem
nosso amor, o nosso mundo
a vida dele nos liberta a nós
a luz da nosso luta só pertence a nós
amém.


abril de 2003

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

h'estória

não sabia o sentido da coisa q
todos sabem que poucos
que talvez ninguém... ao certo

insignificâncias aos pueris
conforto aos anciãos
tão denominado por sábios e sabichões
e alienados
até por quem não sabe que sabe
que não sabe nada, mas

o sangue já marcado
pensamentos não mais curiosos
perguntas sem respostas, são,
respostas em forma de perguntas
qual a diferença intelectual
entre Sócrates, Einsten e eu
tú ele ela nós?
a resposta está na velocidade da luz
no templo do tempo de cada um
na córnea dos olhos ensanguecidos de Jesus

olhos brilharam
descobri o que é instinto em mim
o que são elétrons espirituais, enfim
me apaixonei, adoeci
errei e sofri
então comecei a discernir sentimentos
entender o intramundo
escrevendo cartas consegui um meio
de não conseguir começar fins desejados
mesmos se não consertei, sei quando errei
quando fui errado, quando sou assim

conheci a ilusão qunado fui ao encontro de alguém que não foi
que se foi...
namorei o esperar, depois o esquecer
e casei com a minha louca consciência
pra ela também não me deixar

existe uma espécie de raiva que tranquiliza
dormência diante ao frio e à tempestade
sobre a praça e cá dentro,
e cá dentro bate um coração
à visão de cada ato e à sensação de cada idéia

o pôr-do-sol é culto
lindo amigo da tristeza
sozinho, olhando-o
já rabisquei um poema
no qual, a felicidade rima com insanidade
eu te amo
com quer ficar comigo esta noite
pra satisfazer minha necessidade
o louco rabiscador esqueceu a formal textualidade
isso deixa-o leve (um pouco feliz)

estas palavras não rimam, exalam
demadores de digmons: demoniadores de homens!

já amei de verdade
sem ser correspondido
parei pra pensar, descubri que era mentira
é, muitas vezes, o coração não tem razão
sentir dor em vão
é uma boa razar pra não amar
não é gostoso beijar quem não escovou a língua
com o gel anti-falsidade
e é impossível, a quem perdeu a cabeça
mas, pior é ficar em cima do muro
sob o teto furado, diante aos erros
atrás de um escudo e não ver
no escuro a sombra da bondade

já recebi torpedos de rosas
mas joguei as pétalas no cinzeiro
já quis ser um deus, percebi que sou só um
único! homem
um ser que in'tenta-se humano
e ser humano não é divino!?

melhor do que ninguém
pior do que coisa que me faz rir
sério, de verdade da mentira
qualquer coisa que me faz forte
de verdade diante da mentira

não se deve analisar tanto
como canta Renato Russo em Pais e Filhos
"porque se você para pra pensar
na verdade, não há"

também não se deve viver pra coisa
só nesse sentido
devemos molhar as plantas
alimentar os animais, inclusive, os racionais
correr na praia e andar descalço
cumprimentar, até desconhecidos por onde passamos
fazer coisas simples

a coisa é uma adjeção
os erros fortalecem à cada reflexão
e o cigarro que estou fumando?! sei
autotraição! nunca vai me fazer bem

insígnia heráldica

não brincam de guerrear, de explorar
nem de czares absolutistas
não são capitalistas

abominam as injustíças do mercado
não brincam de pecadores
nem de sacerdotes papados
não brincam de nasa nazismo facismos
preconceituar raças e seitas
não produzem armas nem antídotos
letárgicos
não alimentam nenhuma vaidade
não é brincadeira o que veem
latrocínios
genocídios
assassínios
holocaustos,...
constelando o austro
não é brincadeira
não brincam de serem entre aspas
são risos sérios, e sem aspas

domingo, 7 de novembro de 2010

PIG

o PIG não mente
o PIG só quer o bem da gente
o PIG só quer preservar nossas mentes
pra que a gente não adoeça, enloqueça
igerindo altas doses de conhecimento
sobre as coberturas hipócritas
e os recheios aterradores da realidade social

se liga no PIG
que engajamento é coisa do passado
tão demodê, utópica
se liga no PIG
que você não terá preocupação
não sentirá dor
você estará anestesiado
a salvo das más notícias
dos problemas da coletividade

Portanto, se liga no PIG
pra que revolucionar,
se o que está na moda
é ser alienado!?
mídias alternativas, críticas
é coisa de gente que gosta de política
de quem a distingue de politicagem
o que importa é difundir libertinagem,
sacanagem, bobagens pra massa
que é o que ela quer, o que ela gosta
isso deve ser respeitado

alienado, você tem razão
a programação facista do PIG é realmente o gosto da maioria
porque pra gostar ela vem sendo, ao longo da história,
adestrada feito um cão!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

veias lacrimosas do mundo

lagoa (virando)
perdendo a foz, a voz
a última vogal, LArGO, grit'a
lago

rio (virando)
da situação, ainda ACHO quem RI!
riacho
ou córrego
e CORRe caudaloso o EGO
cego e sequelado!

Paraná (virando)
para nas garrafas pets ao pé
Igarapé
Iii, a GARApa... nada (de cana)! agora, é PÉ
na ciência, na consciência
na COLEta seleTIVA
na coletiva conscientização
no coletivismo, na comunidade, a habilidade sustentável
que se desenvolvida em toda parte
sustentará tudo
até a habilidade de fazer arte

não deixemos
os abióticos, as pedras das quedas, as calhas das bacias
aos cuidados das secas
não deixemos os vegetais, os animais, os sobrenaturais
tornarem-se sedes da sede

sedes pensantes, homens pensantes!
depois que a água sentir sede de si própria
n’alma aquosa, de sua doce existência, só haverá saudade salamarga
pouco importará a fome no mundo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ordem, regressa ordem

Departamento de
Ordem
Política e
Social
DOPS

drops tóxicos
asfixiantes
de ordem regressa
e progresso concreto
de concreto para poucos
muitas fábricas e obras faraônicas
muito trabalho e justíca social nenhuma
e lideranças atrás das grades
ou a sete palmos abaixo dos pés ainda vivos

militar
governo regime ditadura militar
ordem e progresso
ordem policial
-seja formal e legal
que subversivo leva pau
e progresso industrial, crescimento econômico
e nada de desenvolvimento social
de menor desigualdade na distribuição de renda
e liberdade, liberdade de expressão
de crença ou descrença
de ter ciência ou consciência
nada de liberdade de imprensa

liberdade, por este ideal muitos morreram
Honestino Guimarães, Maurício Grabois, Tomaszinho Meireles,
Vladimir Herzog
e muitos outros no Brasil e no mundo
mas hojes muitos microfones envergonham
afirmando que a ditadura nem foi tão dura assim
que fora (")dita branda(")
não estão nem aí pra consciência, só pra audiência
fazendo da liberdade de imprensa
libertinagem ou bandidagem
feito do grau de liberdade conquistado com muita luta, tortura, morte...!!!

que grande lei. que grande vergonha o AI AI AI AI AI-5!!!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

microfones sabichões

tem Microfones que se acham
que se acham donos da verdade
que demonstram saber tudo ou muito
mentira! na verdade, sabem muito, mais muito
muito pouco ou quase nada

vossas notícias, pro'pagandas,entretenimentos
e programações ditas sociais
quando não visam a visão ideológica
do patrão e/ou dos patrocinadores, seus fatos reais, digo, em reais
visam inescrupulosamente os altos índices de audiência
nossa! que falta de decência, Microfones!

acham coop-compradamente convictos que devem
botar quem tem chão, teto e porta contra quem não os tem
quem tem roupas, calçados e jóias de marcas chiques
contra os que também são cheios de marcas, marcas doídas
hematomas, cicatrizes e sequélas de uma vida sofrida
e botar a maioria do povo, que não lutam
que não vão pra rua lutar nem pelo básico pra sub-existir
contra os que vão, muitas vezes, em vão
que os Microfones Marrons os menosprezam, ignoram, discriminam
rogando pelo amor de Deus ao Estado que desbloqueie a rua
disperse os mani'festantes (da festa que não era festa!)
prenda os mais exaltados
e restabeleça, assim a "Ordem social",

é, os Marronzinhos intimam as autoridades
à restabelecerem a ordem social
éh, a HIPÓCRITA ordem social

abaixo os microfones com visão de mundo,
de mundinho fechado, particular, de interesses particulares
que aceitam controles privados
e não, tão somente,o bom senso da consciência social

a partir do dia que deixarem de serem Microfones hipócritas
passando a veicular a verdadade, somente a verdade
nada além da verdade
ajudarão a construir a consciência do povo!
o bem-estar coletivo, a justíça social
pessoas autônomas, autogestoras, mais humanas
enfim, Microfones não mais hipócritas, ajudarão a construir
na plenitude da palavra, cidadãos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sem coletivismo

onde cinza-se a vida sobre a terra
não há progresso inteligente
só estupidez brotando
dos encéfalos
no topo da cadeia alimentar

onde chaminés só buscam lucrar
que se danem os pulmões
que se dane o povo e suas razões
o que importa é lucrar
e a cada dia mais
lucrar lucrar e lucrar...
pras chaminés, só importa saciar
as próprias ambições

onde as águas são mágoas turvas
cheias, de cardumes, de lixos-nobres
há gente e bichos, doentes do corpobres
e gente não-gente, doentes da mente
onde achar-se-á o unguento
se não no educar-se sem hipocrisias
no conhecer, consciente, a si e ao mundo

desenvolver!... por que não se busca
sem destruir do início ao fim
da matéria e das matérias
destruindo o meio e os meios!?
desenvolver?... por que não se busca
encontrando um meio
para distribuir igualitariamente
o, antes, de poucos, à todos,
o imenso lucro?!

que sem ismo coletivo, não haverá desenvolvimento
por muito tempo... e logo logo
nenhum meio de auto-sustento
que mas'cara-se ambientes
alienantes atrás de um muro
a serviço de homens-hades
é, sem bom senso, e senso de coletividade
haverá futuro...?!?

o que durou bilhões de anos para ser mundo
o nosso mundo, e de poucos
em pouco tempo voltará a ser pó
cósmica poeira, e nada poética!

...será?!?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

arguição

somos o presente
mas não o presente
-isso é coisa boa?
droga...!

dinossauros
vocábulos in-úteis
in-significâncias
...que mundo!

não é dos meus pais
nem dos meus filhos
entre foram e serão
o culpado é, sou eu
ora,, o mundo é meu

presente indesejado
inocentes e/ou culpados!?
homens que saciam-se
com o esforço suplicante
dos miseráveis

bolas,, pobreza nunca será bela
mas pobre sempre terão
sonhos pesados e vazios
colhendo a arte de viver
pesadêlos reais
e alguns instantes de prazer

democracia com plutocracia
não devia rimar
mas rima

que droga que roga
da íngua da língua

pobre é nobre
mas não, rico

que venha a putocracia
o poder dos putos
porque não podem...
contra as injustícas do poder
contra a sacagem dos que podem
que podem transformar
propriedades privadas
em bens públicos
mas nada fazem
que o sistema não lhes domina
apenas o corpo
mas também a alma
e o espírito muito pior que o de porco!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

dança das andanças

o apático virou peregrino
o menino, homem menino
nas grandes cidades
em busca do seu destino
ou, ao menos, de mais idade

que há uma hélice arrotando no medo

parem a rotação os temores
desliguem os motores
parem a locomoção do caos
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- exclamam as interrogações

...

olhem, é sangue, é cedo
e a vida escorrendo
pelas pontas dos dedos
o mortal, e o segredo
???????????????????????????
- interrogam as exclamações

...

que o não-júbilo também jubilam

fraseado (dadá chapada)

arcos e flechas, capivara
macho
não temos asas pra caçar
submarinos
pa'i'xão é só um passageiro
a mais
no barco aéreo do traidor

animais não falam mas ouvem a surdez
a chuva molha, a nuvem ex-fez-se
sorriso falso e falso pudor
bons livros bocejam
verdades

as estrelas ex-tão distantes
do mar podemos alçá-las pro alto
nova'mente... os relógios atrasam o açucar
guilhotinas de brilhantes
lágrimas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

o canto dos grilos

daqui é impossível ver as estrelas da lebre
não sinto mais as fustigadas do açoite
ainda estou tentando escrever alguma coisa alegre
sob as doze badaladas da meia-noite
e a inércia do vento frio aumentava o calor da febre

olhei para a rua que já estava vazia
para a lua que já se recolhia
não achei nenhuma inspiração
olhei para dentro de mim
e o que vi foi uma tristeza sem fim
o que ficou de uma ardente paixão

a única coisa que soava naquele profundo silêncio
era uma nuvem, grilos que soavam sem parar
isso me abatia ainda mais
meus ouvidos mergulhavam naquele estridular
quando não se pode mudar nada se faz

desisti depois de tanto tentar
exausto deitei mas não consegui dormir
meus olhos estão fixos no que não está
do que acho que já perdi
lembro de tudo que eu dizia
e de todas as loucuras que por você eu fazia
lembro do seu rosto a corar
e nossos olhos a brilhar, quão doce fantasia
sozinho volto a tentar, mas ainda tenho os grilos como companhia

acreditávamos
na união do espelho de Afrodite com a lança de Aires
na pureza dos desejos da nossa troca de olhares
a solidão não era bem vinda
agora vejo um fogo que não arde
e pra falar a verdade, mesmo sem você
sempre te acharei linda


(10/12/2000)

nitidez turva

solípso oceano tempestade
encontro shakspear dantesco
sentindo infeliz potestade
veemente desejo pitoresco
utópico açoite dramático
será assim vazia vida viver
sorridente faceta carismática

lástimas pesadêlos extermínio
serena aurora socrática
caminho buscando destino
supérflua consciência lunática
sentinela desdenha felicidade
será assim neutra vida viver
almejo vértice verdade


(Parintins, agosto de 2000)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

redenção

falam comigo vozes de coisas sem línguas
e em muitas línguas estranhas
não dizem nada, dizem mais
e eu entendo tudo, só não consigo explicar

paredes pisos tetos
células cédulas celulares
vem de dentro do ventre
vem de fora do agora
de mim e do mundo

redenção me solta
e voo e vou em frente
sempre
enquanto o ódio e opio que passeavam perto da razão
choram de solidão

entendes porque a gente não se rende
tão facilmente às raras oportunidades
de tentarmos ou de aceitarmos a certeza
de sermos algo mais atrás de nossos narizes
sobre as palmas dos pés, um mundo...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

de um homem como outro qualquer

- rabiscos teus servem para quê!? -
debocham os indiferentes ao rabiscador
e s'eu, lírico ou não, só silêncio
cerra os punhos e... soca a sordidez:
para desnaturalizar o que apodrece a língua
desnaturalizar o que encarece
as coisas do mundo, empobrece
as coisas da vida, adoece
a humanidade que há tempos
se auto-carece no indivíduo homem...
tornando-o deserto, lugar criadouro de miragens
eis os intentos destes rabiscos
cutucar e chamar pra porrada dialógica
o hominídeo sem co'nside'ração e os acomodados
em defesa daqueles que com suas fomes sofrem
e daqueles que com ardor criativo e dedicação
e percebendo o injusto e o alto custo da justiça
expressam sua revolta estampando-a na cara
e lutam juntos, não pelo cumprimento do que é Legal
mas pelo acontecimento do Legítimo ao povo

Como Ex'triangular um Quadrado Esférico

eu estou bêbado (6x)

não venha me aborrecer
que eu estô bêbado
não venha fazer crer

me pise, me cuspa
mas não deslize
que seu egoísmo
não me ofusca

você até me enforcar
que quando eu voltar
vou me vingar rxa rxa rxa... iii...
logo eu que não acredito
em fantasma e em ressurreição

me deixa viver
me deixa ter prazer
me deixa sofrer
me deixa morrer
me deixa ser o que eu quiser

uma névoa, uma nuvem
um arco-íris, um vírus
me deixa! que ainda é cedo
deixa! deixa!! eu ser
uma substância cósmica mais pura
que possam sentir ou respirar...
mais a quem é atroz vai sufocar!!!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

à comunidade

da diversidade, a unidade
a unidade em comum, a comunidade, que...
eu tu ele nós
vemos revemos e escrevemos...
e reescrevemos,
a nossa identidade plural
presos ao infinito mundo
da literariedade
do banal, livres libertos libertados
pra fazer da arte a nossa mais verossímil realidade

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

famintos

um bicho que não mora no fundo do rio
nem vive embrenhado nas matas
mas pisando no asfalto entre muros e fachadas
um estand'arte ao relente

bicho medroso... corri do pau!
do Paulo Corrêa entre murros cacetadas e facadas
na ponte do homem, enquanto era revistado pelos zomi
olhei pra Passargada e pensei na outra
na do Bandeira, a verdadeira
- quanto vale a utopia, bicho?!

na praça dos Bois, quase virei capim
pisoteado por bípedes
na praça da Liberdade, quase tiraram-na de mim
- qual é a sua, bicho?!

em frente ao sagrado, o profano
avistado pelo homem santo digital acima do totem de metal
desnorteado no norte, matei minhas eternas esperanças
fumando minhas amargas reminiscências
na praça Eduardo Ribeiro, sem dinheiro
sem a dignidade dos moto-taxistas e tricicleiros
o bicho berrou por míseros trocados. nada!!!

trêmulo desci ao píer digital
olhei pra praça dos Comunas
mas eles não a frequentam mais
olhei pros bacanas digitais acima e se perguntou
- quem inventou os degraus sociais?!

ficou avistando os barcos no beiradão
levam e trazem, trazem e levam...
grana, dívidas, dúvidas
alimentos, lamentos e doentes

cansado, muito cansado da vida, bicho!
fiz muito coisa boa e muita coisa errada
só não aprendi a ser gente
a hipocritamente ser gente

ninguém valorizou o bicho que fui
fui muita coisa errada, mas também muita coisa boa
por que me destruí?! nunca respondi
nunca soube responder! não tive tempo
tempo pra mim, tempo como sinônimo de oportunidade
quando comecei a infringir as leis
logo taxaram-me de vagabundo!
desocupado! marginal! ladrão! maconheiro!
nunca me perguntaram quantas vezes por mês vou ao cinema
se já fui ao teatro e/ou ao museu alguma vez na vida
quantos livros eu leio por ano
e meus filhos, assim como eu, não sofrem diariamente fomes
além da de comida..., a falta de alimento pra cabeça

cansado de ser bicho, e antes que eu enlouqueça,
lanço-me ao corpo do rio

o nome do bicho era zé, mané, lelé,
só mais um como outro faminto qualquer
que as correntezas avarentes da vida levam o brio...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

literatura


a prosa e o verso faceiam
a moeda simbólica da conotação
que junto com a denotação
adornam ao homem
a comunicação

terça-feira, 21 de setembro de 2010

discrição

visceral
comum ininterrupto
público inrelativo
ao povo
privado ao indivíduo
gozo lascivo

posso fazer democraticamente
a coisa que não procuro fazer
deliberamente
a coisa que me dá prazer
quando estou fazendo
discretamente

no escuro, no claro ou a meia-luzes
meia-lua, meio-dia ou meio-conhaque
atrás do muro, no mato ou no quarto
entre quatro paredes ou ao ar livre
na cama, na rede ou em cima da mesa
qualquer lugar de qualquer natureza

coisa que não falo...
aberta’mente
nem fechada’mente

(“falo”, gosto de guardar segredos!)

quando ninguém

quando alguém
diz-se ninguém
acha-se perdido
vi-
vendo morto morr-
ido
dizendo amém

sendo ninguém
tudo lhe é nada
e ser nada é tudo
no aquém ...
e no além-i’mundo...
a chapar-se de poeira cósmica!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

MUNDO:

GRANTROPOSPÍCIO

gestos

quando nasci
chorei, sorriram
quando morrer
sorrirei, chorarão

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

desabafo à atrofia das comunas primitivas

minhas flechas
agora enfeites
em brancas paredes encarnam
atam redes onde não dormirei

feitiços já fetiches
remédios que espreitam
meu tédio

paraíso que preservo
por ele morri, morro
e continuo morrendo..., sem mim
também morrerá

canto minha ilha
encantada
na vela-história que herdei
da vida que construo
em terra de artistas
mundo contínuo {[(droga de hipocrisia)]}
ainda continuo
sendo contíguo da burguesia

me contaram quando criança
as lendas que conto
hoje vemos coisas diferentes
lendas de verdades
monstros que entram e saem
da tv

sou os que se foram
todos
em reserva morrer
nenhum selvagem quer crer

liberdade
odeio quando falam
o que abstraem

como sempre
isso tudo é coisa dos ci-vil-zados
eu não queremos guerra
nós quer paz

ah, quando tinha uma nação
uma cultura criada só por mim
era uma vez... eu, sozinhos
nesta terra, tomara
que chegue logo o fim

(linda)

a visão do belo aumenta o ego

(no design antropo toques
mutam emoções, truques
de desejos
verdades sã'o, diabólicas
que não entendem divinas

teoremas indemonstráveis, ninguem explica

quando ela passa
a corrente energética se multipica
um aperto no nada, um sorriso
perceptível no olhar

sabichões acham que sabem exatidões
razões individuais que confundem pudor
e corações ao calar do calor

sei lá, o que é)... ôôô

esse conto de nada
de fadas madrinhas
esses cânceres n'ossos, cruciais
essa dor na espinha
caminhando na sensibilidade
dos sabores palatáveis

pobre²

mal-aventurado
o pobre que explora
que rouba outro pobre
é pobre ao quadrado

em nome de nossas mães, filhas e irmães

no ventre de uma
passei nove meses
e nove meses
no colo de outra
fui feito gente
pelas mãos humanas
de minhas mães

mulheres, mulheres
umas me ensinaram
a amar a ciência
e outras
a ter ciência do amor
fui feito gente
pelas mãos humanas
de professoras e namoradas

uma me fez pai
e outra
se fez minha filha

mulheres. milhares, milhões...
de mulheres
carecem de respeito
de igualdade de direitos
de mãos humanas
de seus pais, filhos, irmãos
de professores, colegas, namorados
de companheiros e patrões
e, sobretudo, das mãos
de nossas autoridades
a maioria, salafrários
por que nós, homens
a maioria, somos covardes
e não revolucionários!?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

so'filia do antropoeta

sejamos tudo
sejamos alguém
ajudando outrem
praticando-nos

sejamos nosso, próprio
e de todos
tenhamos atitude!

não precisamos ser mártires
apenas condenemo-nos absorvendo
o bom senso do censo dos nossos atos
fazendo nossa parte diaria-
mente, fazendo da palavra
arte revolucionária
arte!

quando elas estão por perto

quando elas estão por perto
nossos olhos ficam menos atentos
a tudo que não as seja
o pensar se concentra menos retinas adentro
ou seja, vidram nas retinas delas
nossos desejos são mais pre-tensos
nosso tímpanos ficam mais tensos
e tencionados a elas

ficamos menos abruptos, menos insensíveis
e às vezes até compreensivos demais

quando elas estão por perto
ficamos mais espertos um para com os outros
e mais bobos pra elas
quando hipnotizados,
fazem a gente trocar do jornal pra novela
a gente deixar de assistir ao jogo e as geladas
pra jogar a dois com elas
a gente deixar de ir mais pra pelada
só pra gente ficar por mais tempo as vendo
vestidas, toda produzidas
testando se nos há sentimentos
ou apenas desejos carnais

ficamos menos frios, menos desorganizados
e até apegados demais

quando elas estão por perto
a gente fica
a gente fica com elas
e com elas, a gente fica
mais gente, por elas

por elas e com elas
a gente faz a festa

mas, sem elas
a gente também faz a festa
que a gente não presta

mas, elas
gostam
ah, como gostam

amam, adoram
ver a gente pedindo perdão
e provando...
nosso amor/tesão
por elas e com elas
num belo momento de paixão

e isto, não tem quem não ache gostoso
demais...

canto dos grilos II

um novo fim de ano
e novamente os grilos
e novamente um canto
estrídulo e metafórico

parece ser apenas um
solitário
mas são muitos
grilos e grilados
solidários que sejam
ao menos, para com eles mesmos

é um novo canto
sem pranto
sem emoção alegre
um canto que dá febre

quem pode
vinho, champagne
e até carne de bode
já o pobre
tem que engolir a seco
o cheiro vazio
o gosto do nada

TOXINAS NÃO VESTEM BRANCO

tem um túnel escuro,
varejam vasos entre os tecidos
vermes no vestido farejam...
feromônios não vão pra cadeia.... (3x)
...entristecidos!
ácido desoxirribonucleico, relativos...
relatam caracteres de absoluta generalidade

não sou de gesso (6x)

TNT pra você que quer
em micróbicas partículas me ver, yer!!!

não entram pra fora e não sobem pra baixo (5x)

o cérebro é uma flor
o cerebelo uma folha
o coração uma rocha magmática
e toda substância venenosa
é um beija-flor

a noite

a milhares de anos
antes mesmo dos dinossauros
o sol sempre esteve sob meu horizonte
depois de muitas desilusões
uma noite fez-se diferente
indisplicente
de descobertas
uma noite de emoções

de conformidade
sinceridade
de desejo, de prazer
uma noite satisfações

de beijos e sonhos abertos
shakspeariana
e também machadiana
uma noite de paixões

de favores
indiscutível
imprevisível
inesquecível
uma noite antes de’vida de acontecer
uma noite
foi uma só
mas que noite!!!
favor, perdoe se pareceu-lhe hiperbólico

terça-feira, 14 de setembro de 2010

química

queria entender a matéria
como um greco-romano pagão do século um
como um trovador cristão dizendo que só existe um
como um humanista cavaleiro medieval
como um renascido ao nenhum
como um com a pérola da dualidade vital
como um com as arcádias, bucólico
como um romântico melancólico
como um realista que mesmo com dor na vista não oscila
como um com ismo natural
como um na montanha da fócila
como um simbolista musical
como um modernista radical
como um dos movimentos coevos
mas não sou um total alquimista
visto ao que escrevo, sou dialético
um químico materialista, de tudo
até do nada, desde que poético

domingo, 12 de setembro de 2010

pobreza

só...
nó...
dó...
pó...

...sem grana
...na garganta
...de gritar sangue
...nas guerras




pó...b'r-eza!!!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

drummond

a matéria orna nas obras
um extraordinário poeta

no plural

o mal do século
não é a violência
nem o racismo
nem o imperialismo
o mau uso da ciência
também não

não é o capitalismo
não é a cumplicidade
individual
nem a individualidade
social
não é o egoísmo

não é a falta de luz
nem o excesso de pus

não é o descompromisso
nem o fel por extenso
à carência de bom senso
também não

o mal do século
é um mundo com tudo isso
e muito mais... maus e males

o ladrão de galinha e os íssimos

íssimo honesto
não sei mentir
o resto é o povo
o resto vota nele de novo
o resto que trabalha
o resto que passa fome

a íssima não erra
vende suas falhas
até um cego vê
os fantasmas disfarçados
de homens

íssima empresa
o que não queremos ter
é o que consome
o resto explorado
dívidas, doenças
parasitas que não somem

o íssimo sálario
não pode ser analisado
que nossos laboratórios
estão precários
não tem microscópios
nem máquinas de clones

enquanto isso, a senhora de "preto"
nos acolhe ao jardim do adan

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

simbiose

olho no olho
boca na boca
entre-laços
u'n'outro

indo e vindo
doçura nervosa
fissura gostosa
indo e vindo

braços entrelaçados
pernas entrelaçadas
corpos suados

pulmões pesados
situações abençoadas
por dois safados

submundo

mundo submundo
sem fundo
fundo do poço
do pouco
muito do nada
manchas de sangue
pele e osso
só nó dó pó
corpos imundos
tristeza no olhar
beleza ao esboço
cortes profundos
vagabundos sãos
cães viramundos
aulto da vida
dentro do fosso

pacto colonial

colméia
que sociedade organizada!
a rainha reina
sobre o operariado
que não reina sobre ninguém
os zangões, súditos reais
imprescindíveis
à perpetuacão
que não fazem
quase nada
coitada a imperatriz,
sem ferrão, sem fertilidade
perdem a utilidade e a vida
as operárias
que fazem do néctar o mel
e a geleia real
que só trabalham
incansavelmente
morrem trabalhando
a rainha descansa por elas
enquanto a europa se unifica
e os poetas escrevem suas metáforas

sábado, 4 de setembro de 2010

VHSs

disfarces da razão
respostas aos erros

hoje

duas coisas não podem ser a m'esma
o que aconteceu ag'ora pode acontecer de novo
mas cada instante é um instante difer'ente
distinto

vejo que o sol que nos ilumina
não brilha constantemente
o brilho depende da gente
ou melhor, das faíscas radiantes da mente
minto!
minto?

hoje, lembra-se muito das coisas boas, do passado
mas só o aqui já do não-hoje conserta o que se errou
mas, quem está errado!?! o que está equivocado?!?

hoje, pensamos tanto no futuro
mas não se deve por tanta fé
no que se está pensando!
no que se está pensando?
porque nada é total-mente seguro!
por que nada é totalmente seguro?


sabemos do que se está falando
o que passou, passou
e o que vem ainda está no escuro
enquanto o hoje passeia diante aos olhos

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

monóstico

palavras pulcros punhos poetas

hereditariedade

suicida matou no mínimo um
canhões retalham o humano no homem
água está com sede, só brigam
ódio é o que consome
na miséria, subsolos petrolíferos
cuidado com os mísseis
ismo imperial se espalha entre fossas e fósseis
startando planos coloniais e destruidores
matéria e petróleo exportados
cadáveres mulçu'manos
heróis norte-ameri-c'anos
diferenças de cultura
diferentes seres "huManos"

menino do hemisfério sul, sonhava
do pesadelo, ser livre
o do norte, não
vive o sonho, é "livre"

{([humano livre])}

ambos em camisas-de-força ideo(i)lógicas

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

mentecaptos (psicose?!)

o mentecapto autêntico
não sustentaculaliza sua razão
a lo-cura (a curá-lo)
obra ou intenta o que quer
até o inqualquer
ele é maluco-genial
condenado a inocência
condicionado a inliberdade
perâmbulo no grantropospício
não pisitacia a infeliz nor'mal-
idade
maluco in-útil
culpado por não ser normal

geraldo! geraldo! geraldo!
geraldo dorme nas entranhas de cada um de nós
e se um dia ele acorda, a gente vira o mundo
que nos vira, a gente vira, pira, gira
a gente vira geraldo viramundo!