um bicho que não mora no fundo do rio
nem vive embrenhado nas matas
mas pisando no asfalto entre muros e fachadas
um estand'arte ao relente
bicho medroso... corri do pau!
do Paulo Corrêa entre murros cacetadas e facadas
na ponte do homem, enquanto era revistado pelos zomi
olhei pra Passargada e pensei na outra
na do Bandeira, a verdadeira
- quanto vale a utopia, bicho?!
na praça dos Bois, quase virei capim
pisoteado por bípedes
na praça da Liberdade, quase tiraram-na de mim
- qual é a sua, bicho?!
em frente ao sagrado, o profano
avistado pelo homem santo digital acima do totem de metal
desnorteado no norte, matei minhas eternas esperanças
fumando minhas amargas reminiscências
na praça Eduardo Ribeiro, sem dinheiro
sem a dignidade dos moto-taxistas e tricicleiros
o bicho berrou por míseros trocados. nada!!!
trêmulo desci ao píer digital
olhei pra praça dos Comunas
mas eles não a frequentam mais
olhei pros bacanas digitais acima e se perguntou
- quem inventou os degraus sociais?!
ficou avistando os barcos no beiradão
levam e trazem, trazem e levam...
grana, dívidas, dúvidas
alimentos, lamentos e doentes
cansado, muito cansado da vida, bicho!
fiz muito coisa boa e muita coisa errada
só não aprendi a ser gente
a hipocritamente ser gente
ninguém valorizou o bicho que fui
fui muita coisa errada, mas também muita coisa boa
por que me destruí?! nunca respondi
nunca soube responder! não tive tempo
tempo pra mim, tempo como sinônimo de oportunidade
quando comecei a infringir as leis
logo taxaram-me de vagabundo!
desocupado! marginal! ladrão! maconheiro!
nunca me perguntaram quantas vezes por mês vou ao cinema
se já fui ao teatro e/ou ao museu alguma vez na vida
quantos livros eu leio por ano
e meus filhos, assim como eu, não sofrem diariamente fomes
além da de comida..., a falta de alimento pra cabeça
cansado de ser bicho, e antes que eu enlouqueça,
lanço-me ao corpo do rio
o nome do bicho era zé, mané, lelé,
só mais um como outro faminto qualquer
que as correntezas avarentes da vida levam o brio...
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
literatura
a prosa e o verso faceiam
a moeda simbólica da conotação
que junto com a denotação
adornam ao homem
a comunicação
terça-feira, 21 de setembro de 2010
discrição
visceral
comum ininterrupto
público inrelativo
ao povo
privado ao indivíduo
gozo lascivo
posso fazer democraticamente
a coisa que não procuro fazer
deliberamente
a coisa que me dá prazer
quando estou fazendo
discretamente
no escuro, no claro ou a meia-luzes
meia-lua, meio-dia ou meio-conhaque
atrás do muro, no mato ou no quarto
entre quatro paredes ou ao ar livre
na cama, na rede ou em cima da mesa
qualquer lugar de qualquer natureza
coisa que não falo...
aberta’mente
nem fechada’mente
(“falo”, gosto de guardar segredos!)
comum ininterrupto
público inrelativo
ao povo
privado ao indivíduo
gozo lascivo
posso fazer democraticamente
a coisa que não procuro fazer
deliberamente
a coisa que me dá prazer
quando estou fazendo
discretamente
no escuro, no claro ou a meia-luzes
meia-lua, meio-dia ou meio-conhaque
atrás do muro, no mato ou no quarto
entre quatro paredes ou ao ar livre
na cama, na rede ou em cima da mesa
qualquer lugar de qualquer natureza
coisa que não falo...
aberta’mente
nem fechada’mente
(“falo”, gosto de guardar segredos!)
quando ninguém
quando alguém
diz-se ninguém
acha-se perdido
vi-
vendo morto morr-
ido
dizendo amém
sendo ninguém
tudo lhe é nada
e ser nada é tudo
no aquém ...
e no além-i’mundo...
a chapar-se de poeira cósmica!
diz-se ninguém
acha-se perdido
vi-
vendo morto morr-
ido
dizendo amém
sendo ninguém
tudo lhe é nada
e ser nada é tudo
no aquém ...
e no além-i’mundo...
a chapar-se de poeira cósmica!
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
gestos
quando nasci
chorei, sorriram
quando morrer
sorrirei, chorarão
chorei, sorriram
quando morrer
sorrirei, chorarão
Assinar:
Postagens (Atom)