quinta-feira, 14 de outubro de 2010

arguição

somos o presente
mas não o presente
-isso é coisa boa?
droga...!

dinossauros
vocábulos in-úteis
in-significâncias
...que mundo!

não é dos meus pais
nem dos meus filhos
entre foram e serão
o culpado é, sou eu
ora,, o mundo é meu

presente indesejado
inocentes e/ou culpados!?
homens que saciam-se
com o esforço suplicante
dos miseráveis

bolas,, pobreza nunca será bela
mas pobre sempre terão
sonhos pesados e vazios
colhendo a arte de viver
pesadêlos reais
e alguns instantes de prazer

democracia com plutocracia
não devia rimar
mas rima

que droga que roga
da íngua da língua

pobre é nobre
mas não, rico

que venha a putocracia
o poder dos putos
porque não podem...
contra as injustícas do poder
contra a sacagem dos que podem
que podem transformar
propriedades privadas
em bens públicos
mas nada fazem
que o sistema não lhes domina
apenas o corpo
mas também a alma
e o espírito muito pior que o de porco!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

dança das andanças

o apático virou peregrino
o menino, homem menino
nas grandes cidades
em busca do seu destino
ou, ao menos, de mais idade

que há uma hélice arrotando no medo

parem a rotação os temores
desliguem os motores
parem a locomoção do caos
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- exclamam as interrogações

...

olhem, é sangue, é cedo
e a vida escorrendo
pelas pontas dos dedos
o mortal, e o segredo
???????????????????????????
- interrogam as exclamações

...

que o não-júbilo também jubilam

fraseado (dadá chapada)

arcos e flechas, capivara
macho
não temos asas pra caçar
submarinos
pa'i'xão é só um passageiro
a mais
no barco aéreo do traidor

animais não falam mas ouvem a surdez
a chuva molha, a nuvem ex-fez-se
sorriso falso e falso pudor
bons livros bocejam
verdades

as estrelas ex-tão distantes
do mar podemos alçá-las pro alto
nova'mente... os relógios atrasam o açucar
guilhotinas de brilhantes
lágrimas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

o canto dos grilos

daqui é impossível ver as estrelas da lebre
não sinto mais as fustigadas do açoite
ainda estou tentando escrever alguma coisa alegre
sob as doze badaladas da meia-noite
e a inércia do vento frio aumentava o calor da febre

olhei para a rua que já estava vazia
para a lua que já se recolhia
não achei nenhuma inspiração
olhei para dentro de mim
e o que vi foi uma tristeza sem fim
o que ficou de uma ardente paixão

a única coisa que soava naquele profundo silêncio
era uma nuvem, grilos que soavam sem parar
isso me abatia ainda mais
meus ouvidos mergulhavam naquele estridular
quando não se pode mudar nada se faz

desisti depois de tanto tentar
exausto deitei mas não consegui dormir
meus olhos estão fixos no que não está
do que acho que já perdi
lembro de tudo que eu dizia
e de todas as loucuras que por você eu fazia
lembro do seu rosto a corar
e nossos olhos a brilhar, quão doce fantasia
sozinho volto a tentar, mas ainda tenho os grilos como companhia

acreditávamos
na união do espelho de Afrodite com a lança de Aires
na pureza dos desejos da nossa troca de olhares
a solidão não era bem vinda
agora vejo um fogo que não arde
e pra falar a verdade, mesmo sem você
sempre te acharei linda


(10/12/2000)

nitidez turva

solípso oceano tempestade
encontro shakspear dantesco
sentindo infeliz potestade
veemente desejo pitoresco
utópico açoite dramático
será assim vazia vida viver
sorridente faceta carismática

lástimas pesadêlos extermínio
serena aurora socrática
caminho buscando destino
supérflua consciência lunática
sentinela desdenha felicidade
será assim neutra vida viver
almejo vértice verdade


(Parintins, agosto de 2000)